24 fevereiro, 2006

E A SEGURANÇA DE NOVO...

A questão regressou aos blogs, onde tem marcado presença regular.
Desta feita por causa da utilização de instalações privadas (piscina) por adolescentes da vizinhança.
Junto segue-se o comentário realizado ao artigo Sensação de Segurança..., do blog Condomínio do Parque.

"Concordo com muito do que se disse em diversos posts que, mais do que antagónicos, me parecem na realidade complementares. A integração joga-se claramente nas vertentes económica, social e cultural e, como tal, carece de medidas que gerem a necessária estabilização destas dimensões: emprego, formação e dotação de equipamento social, acompanhamento e promoção da igualdade na diversidade.

Mas a segurança é um pilar fundamental para a consolidação e crescimento desta zona da cidade, sem a qual os moradores ficam entregues a si próprios na defesa dos seus interesses. E este poderá ser, para a maioria, um preço demasiado alto a pagar. Assim sendo, parece-me que o investimento tem que crescer em ambas as vertentes, de forma clara e equilibrada.

Assiste-se, ainda de que forma tímida, a projectos que visam um maior envolvimento da população da Alta em acções conjuntas e é conhecida a instalação recente de agências/instituições de promoção e dinamização social, como a
Fundação Aga Khan. Estou crente que, a seu tempo (sempre mais tarde do que a maioria gostaria), surgirão novas infra-estruturas de apoio e serviço à comunidade, tal como estão previstas no plano de desenvolvimento. O próprio crescimento da Alta é factor de geração de emprego e este é crítico para a estabilidade económica tão necessária para os moradores com menos recursos.

Também na segurança são aguardadas medidas, das quais a mais emblemática será a construção e operacionalização da nova esquadra. No entanto, esta medida não terá efeitos práticos antes de 2007, o que significa que até lá é necessário garantir alternativas, algo que, eventualmente, não estará a acontecer. Digo eventualmente por 2 razões:
.Ainda não moro na Alta, o que me impossibilita de falar com propriedade sobre a situação vivida no quotidiano;
.Por outro lado, o número e a qualidade das situações relatadas nos blogs, não permitem perceber se se trata de circunstâncias isoladas ou se representam a ponta visível de um iceberg de contornos mais graves.

O que sei, claramente, é que a SGAL reclama ter implementado um sistema de vigilância e apoio permanente (
aqui) e que, passados 2 meses, não conheço o seu paradeiro, situação ou efeito. Alguém conhece?

Neste contexto, percebo a indignação de quem reclama mais segurança. É que, no mínimo, ela não é visível e o que não se vê tende a não se sentir. Não creio que um episódio isolado de uns miudos a saltar um muro para dar uns mergulhos na piscina seja muito relevante. Mas a ausência de uma presença real de mecanismos de segurança na Alta, sim. Porque se as componentes económica, social e cultural promovem o melhor desenvolvimento mas são, por natureza, um esforço continuado e de efeito menos imediato, a segurança pressupõe intervenções imediatas e regularizadoras.

A ordem pública no presente não se pode hipotecar ao desenvolvimento expectável no futuro. Como referi antes, são intervenções complementares, e só garantindo essa complementaridade será possível o enraizamento, a apropriação do espaço pela comunidade e a valorização do lugar público bem como o respeito pelo privado."