02 janeiro, 2007

EM JEITO DE BALANÇO II

Todos temos consciência que o eixo Norte-Sul, como solução, quanto ao traçado, quanto aos interesses que o influenciaram e quanto aos prazos de construção, representa muito do que se gostaria de ver pelas costas em matéria de construção civil e obras públicas.

Não há adjectivos que qualifiquem cabalmente o laxismo dos governos, responsável pelos sucessivos atrasos, o oportunismo dos construtores civis para com uma zona há muito marcada pelo traçado desta via e a omissão, quando não a conivência, das autarquias no âmbito de todo este processo.

Como resultado destes 'poderes', muitas pessoas terão um quotidiano de ruído constante, de poluição e de sobressalto, paredes-meias com a casa onde vivem, pela qual terão pago um preço que dificilmente recuperarão e que dificilmente verão amortizado face à alteração que se avizinha.

Mas o eixo Norte-Sul está aí. Talvez haja hipótese de minorar o seu impacto mas seguramente não haverá forma de o travar. E para a Alta de Lisboa, e para os habitantes das malhas a norte em particular, significa a quebra de uma barreira que, com o aumento do tráfego na zona de intervenção, vem asfixiando o crescimento desta nova zona da cidade. Significa também uma conquista do urbanismo, ou pelo menos, de um certo urbanismo, afinal um dos argumentos que vem convencendo alguns de nós (gostaria de acreditar que a maioria) a investir na Alta de Lisboa.

É apenas irónico que este urbanismo seja conseguido à custa da falta dele.

(algumas fotos da evolução)