21 setembro, 2005

LIMPEZA PARADIGMÁTICA

Após a concretização de uma iniciativa pioneira de limpeza da envolvente ao Condomínio da Torre (Alameda da Música), levada a cabo em 6 de Agosto por um grupo de moradores da malha 15.5 (aqui), realizou-se no último domingo, 18 de Setembro, uma nova descida à rua com o mesmo propósito (aqui).

O grupo, constituído por 15 pessoas munidas de pás, vassouras e sacos de plástico, recolheu o lixo que foi encontrando ao longo dos 3/4 da alameda abrangidos pela iniciativa.

No rescaldo da limpeza, surgiram várias reacções de apoio. Mas há perspectivas contrastantes sobre a sustentabilidade destas acções.

Na opinião de Luís Lucena, um dos dinamizadores da primeira iniciativa e autor de uma carta aberta publicada pelo blog Alta de LX - Condominio da Torre (aqui),
as melhores soluções para os nossos problemas deverão sempre contar com a colaboração das entidades (…) - nomeadamente, CML/UPAL, SGAL, Administrações dos Condomínios, bem como com outras entidades como a Junta de Freguesia, a PSP, Polícia Municipal, etc...”. No entanto, sublinha que este tipo de acções “complementa (e contrasta com) o não fazer e o fazer mal” e possui um efeito “concreto (…), moralizador (…) e envolvente (…).

Por seu turno, ainda que elogiando o civismo dos moradores, um dos comentadores da iniciativa, no blog acima referido, considera que “este tipo de iniciativas só terá efeitos práticos e educativos se forem realizadas simultaneamente com outras iniciativas promovidas pela CML; GEBALIS, SGAL, etc e que incluam quem mais frequentemente deita o lixo para o chão“, numa crítica à falta de envolvimento das entidades oficiais e dos moradores dos PER.

Estas duas perspectivas são representativas das sensibilidades que têm surgido sobre diversas questões em que a demissão das entidades criou vazios de actuação, como no caso da segurança: perante a ausência de medidas, alguns moradores vêm convocando os seus pares para acções de intervenção directa enquanto outros reclamam, acima de tudo, uma resposta por parte das mesmas entidades.

Dado que a Alta de Lisboa possui um tecido urbano de consolidação lenta, é de esperar que esta bipolarização se mantenha em relação a muitas outras questões. Espera-se, no entanto, que com o tempo e um maior esclarecimento de ambas as partes seja possível conciliar as perspectivas para a obtenção de resultados mais abrangentes e sustentáveis.

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